Três jogos, seis gols e uma pergunta que não sai da cabeça dos adversários do Santa Cruz, na Série A do Brasileirão: como parar Grafite? Antes da resposta, é bom entender os caminhos que levam ao brilho do artilheiro. Aos 37 anos, o ídolo da torcida coral se aproveita do esquema montado para ele fazer o que mais sabe: levar o goleiro rival a buscar a bola na rede. Embora tenha usado a habilidade, incomum para um centroavante de 1,86m, no primeiro gol diante do Vitória, é com os companheiros ludibriando os rivais que o camisa 23 sobressai diante dos defensores. Enquanto Keno, Arthur, Uillian Correia e os laterais trocam de posição até a intermediária do campo inimigo, o goleador aparece, quase sem ser notado, no meio dos zagueiros.
Engana-se quem pensa que Grafite fica parado, à espera de alguém que lhe entregue o gol de bandeja. Na jogo de xadrez armado por Milton Mendes, cabe ao camisa 23 recuar para os companheiros de frente, Keno e Arthur, passarem em disparada. Com a defesa rival aberta, a bola costuma ficar nos pés de um dos homens de meio de campo, que a repassa para um dos pontas. E, quando todos pensam que o lateral, que neste momento aparece em velocidade, vai receber o passe, o lançamento cai nos pés do principal atacante tricolor. Com pouca marcação, ou nenhuma, por vezes, cabe a Grafite usar da velocidade para ganhar do marcador e colocar a bola nas redes. Foi assim contra Vitória, Cruzeiro e Fluminense.
Grafite, contra o Cruzeiro, não fez diferente: quando rival se descuidou, ele estava lá (Foto: Agência Estado / Clélio Tomaz)
Contra o Cruzeiro, a estratégia ficou evidente. Tanto no lance que originou o pênalti cometido por Fábio, e convertido por Grafite, quanto no lançamento de Léo Moura para o camisa 23, no qual Keno chama a atenção de um dos adversários. No fim, Grafite fica no mano a mano com Bruno Rodrigo, vence o defensor na base da força e explosão, e marca o segundo para os corais.
– Grafite atravessa um excelente momento. Quando cheguei, todo mundo dizia que Grafite era bom, mas não vinha marcando. Para mim, é indiferente. A qualidade está ali. Disse que meus atacantes eram artilheiros. A forma que jogo facilita muito o posicionamento do atacante. Com a qualidade dele de mobilidade, de usar o corpo, podia ser bom – disse o técnico Milton Mendes, ao comentar o momento do atacante.
Grafite ponto a ponto
(Foto: Editoria de Arte)
Se a zaga não bloquear o chute, é provável que a bola vá parar no fundo das redes. Grafite finalizou oito vezes nas três rodadas da Série A. Em duas oportunidades, contra Vitória e Fluminense, ele foi barrado pela defesa. Nas outras seis, o goleiro pescou a bola dentro da barra.
Pique e tiro curto
Todos os gols de Grafite são marcados dentro da área. Contra Fluminense e Cruzeiro, o recital foi parecido: pênaltis e próximo à meta, após invadir a área pelo lado direito. Diante do Vitória, jogada individual pela esquerda do setor e cabeçada praticamente da marca do pênalti.
Olho na intermediária
Seja com Keno, Léo Moura ou Uillian Correia, é bom ficar atento aos lançamentos longos. Tirando o jogo contra o Fluminense, os gols de Grafite surgem de passes com trajetória distante.
Quando ele sumir, tenha cuidado
Apesar de ter 1,86m, Grafite consegue se esconder dos adversários. Foi assim no segundo gol diante do Vitória, quando apareceu livre de marcação, para fazer de cabeça. O esconde-esconde serviu diante do Flu. Enquanto Keno e Tiago Costa tabelavam na lateral esquerda, o camisa 23 se fingia de morto na outra ponta. Poucos segundos depois, veio o cruzamento rápido e o centroavante surgiu entre os zagueiros para empurrar para o gol.
Fonte: Globo Esporte