Tite não é de se abalar com as críticas e mostrou isso com uma boa
resposta às contestações quer começou a receber neste ano. Quem o achava teimoso
por insistir em certos jogadores e no sistema tático usado no ano passado teve
de lhe dar crédito após a vitória por 3 a 0 sobre a Ponte Preta, nesta
quinta-feira, em Itaquera (veja os melhores momentos no vídeo acima).
VEJA A CLASSIFICAÇÃO DO BRASILEIRO
O resultado levou o Corinthians aos quatro pontos na tabela
do Campeonato Brasileiro, mais perto das primeiras posições. Mesmo assim, não amenizou
o momento conturbado do clube: Cássio reclamou da condição de reserva, André
foi vaiado quando entrou no segundo tempo e o presidente Roberto de Andrade
bancou as reuniões com integrantes de torcidas organizadas.
Tite consegue reinventar Corinthians com o que tem nas mãos: vitória premia bom desempenho (Foto: Mauro Horita)
Dentro do campo, porém, os 35.573 pagantes que foram à Arena
Corinthians viram mudanças significativas. E o principal: além do resultado, o
desempenho foi satisfatório. Chances criadas, finalizações certas e uma marcação ajustada que fez o time correr menos riscos na defesa.
Um novo Corinthians
Sem se prender a André, ao 4-1-4-1 e à falta de movimentação
do time nos últimos jogos, Tite pode ter achado a escalação ideal do atual
Corinthians a partir de Cristian – quem diria? –, Bruno Henrique e Guilherme.
Antes contestados, os três foram muito bem em suas novas funções. Tudo foi uma
questão de rearranjar esse elenco em campo.
Nova formação do Corinthians tem Cristian e Bruno Henrique em linha; saída de bola melhora contra a Ponte Preta
O primeiro minuto de jogo deixou clara a ideia do novo
4-2-3-1 proposto por Tite. Cristian e Bruno Henrique em linha, à frente dos
zagueiros, trocam passes e iniciam as jogadas para Marquinhos Gabriel, Giovanni
Augusto e Guilherme, que jogam avançados. Neste contexto, Bruno tem liberdade
para avançar, infiltrar e tentar finalizações a gol – função de Elias, que hoje está na seleção brasileira.
Sem a bola, Corinthians tem pressão de atacantes e linha de quatro meias (Foto: GloboEsporte.com)
Na hora de se defender, o posicionamento passa a ser quase de um 4-4-2, com Marquinhos e Giovanni se alinhando a Cristian e Bruno. À frente, Luciano e Guilherme se movimentam e pressionam quem está com a bola. A Ponte não teve sossego em boa parte do jogo.
A nova formação também é mais veloz e triangula mais. Quando o trio de meias se entende, fica difícil parar um ataque alvinegro. Marquinhos Gabriel é o mais agudo, com o drible. Assim ele fez a jogada do primeiro gol, marcado por Kadu, contra, e assim ele sofreu um pênalti do mesmo Kadu, ignorado pelo árbitro Elmo Cunha.
Com mais volume de jogo, as chances aumentam. Foram 13 finalizações, dez delas na direção do gol. Bruno Henrique contribuiu com o número a partir do momento em que teve liberdade para ser o “novo Elias”. Antes do golaço marcado em rebote da defesa da Ponte, ele mostrou bom posicionamento na área em outros lances. Bruno passa a ser opção de finalização de média e longa distância, algo que o Corinthians não vinha apresentando em 2016.
A liberação de Bruno só é possível porque Cristian recuperou a boa forma física e passou no teste em seu primeiro jogo como titular na temporada. Ele é bem mais acostumado à função do primeiro volante, que se posiciona, corta linhas de passes do adversário e tem boa noção de cobertura. O Timão teve 29 desarmes certos, contra 15 da Ponte.
Fagner corta para o meio e encontra Guilherme sozinho; Corinthians é efetivo no ataque (Foto: GloboEsporte.com)
Nesse novo esquema, com mais um volante, os laterais são ainda mais importantes no apoio. Uendel mostrou isso no gol que fez sobre o Vitória, domingo passado. Contra a Ponte, Fagner foi muito acionado. No gol de Guilherme, o terceiro da goleada, ele vê o meio livre porque Marquinhos Gabriel lhe abre espaço. O lateral, então, encontra o companheiro sozinho na entrada da área. A qualidade de Guilherme foi responsável pelo golaço.
Há muito a ser ajustado, claro. Marlone, no segundo tempo, mostrou que
pode ser opção a jogos mais amarrados. A defesa, com Felipe e Vilson,
correu poucos riscos. Para um primeiro teste, o resultado e o desempenho
são satisfatórios.
Bruno Henrique cresce de produção em novo posicionamento: ele fez primeiro gol no ano (Foto: Mauro Horita)
Fonte: Globo Esporte