Quer dizer que você é o craque do Sub-17 do Sport? “Eu sou o p…”. Aos 17 anos, o atacante Juninho não mede as palavras para exaltar o próprio futebol. Num misto de confiança e falta de maturidade – algo pertinente para a idade – mostra uma segurança incomum para quem está no clube há apenas um ano. Artilheiro do clube na Copa do Brasil da categoria, com sete gols (empatado com Emerson, do Corinthians), ele é a esperança da equipe para a decisão do torneio contra o Timão, às 19h desta terça-feira, no Pacaembu.
A responsabilidade par não abalar o atleta. Usando o título da Copa do Brasil de 2008 como inspiração, o garoto, que veio da cidade de Amarante, no Piauí, disse que a ideia é repetir o feito conquistado pelos profissionais. Tentando passar um estilo “marrento”, ele fez questão de prometer que fará gols na decisão.
Juninho é atacante no sub-17 do Sport (Foto: Malu Veiga)
– Eu vou fazer dois gols, estou dizendo. Quando eu falo, eu faço. Mas quem fala, nessa hora, é a rede balançando. Naquele ano (em 2008) teve gol de Carlinhos Bala; dessa vez será de Juninho.
Com uma postura pouco habitual, Juninho faz questão de afirmar que não tem ídolos no futebol. Sem receio de ficar taxado como “mascarado”, ele é taxativo ao falar sobre as inspirações no esporte.
– Eu me inspiro em mim. Não tem ninguém igual. Pode até nascer parecido, mas igual, não.
Juninho chegou para jogar no Leão em 20015 (Foto: Malu Veiga, GloboEsporte.com)
A forma como Juninho se coloca fora das quatro linhas preocupa o técnico do Sub-17 do Sport , Júnior Câmara. Para ele, a falta de formação, aliada a pouca idade faz com que o atacante pode prejudicar o futuro do garoto.
– O psicológico está melhorando, ele prometeu que vai melhorar. Juninho chegou aqui faz um ano e nunca teve trabalho de orientação. Jogava em pelada, botava a bola debaixo do braço e jogava. Agora ele stá sendo educado agora.
No entanto, segundo Câmara, há um lado bom na marra do jogador: o fator coragem. Na avaliação do treinador, esse elemento está em falta no futebol atual.
– Ele tem uma coisa que o futebol brasileiro perdeu, que é a coragem. E se a gente tira demais, ele se torna um jogador comum. Tem que ter coragem para olhar assim e dizer: “É o São Paulo, é? Vou dentro dos zagueiros. É o Flamengo? Vou também”, mas tem que ter um limite. Digo a ele que, mesmo jogando essa bola que ele joga, pode não virar um grande jogador.
Na busca da “calmaria” do atacante, o
técnico Júnior Câmara arranjou um parceiro. Quando Juninho chegou ao Sport, em
2015, vindo de Amarante, no Piauí, já sabia que encontraria um rosto conhecido
no Sport. O volante Vinicius, de São Francisco do Maranhão, cidade que fica ao
lado da terra natal do companheiro. A proximidade que, no passado, fez os dois
virarem rivais, no Rubro-negro os aproximou.
–
A gente jogava em times contras no futsal. A rivalidade era eu e ele,
coisa particular. Todo jogo, ele ia se invocar e quem vinha do outro time para acalmar
era eu, que ficava separando. Só tinha eu para entrar na situação, senão ele ia
dar nos meninos – disse Vinícius, que atualmente serve de conselheiro para o
companheiro.
Com personalidades opostas, Vinicius (esq) é sério, e Juninho, o ousado da dupla (Foto: Malu Veiga/GloboEsporte.com)
Fonte: Globo Esporte