A Ponte Preta teve mais um primeiro tempo que serve de lição para a sequência do Campeonato Brasileiro. Só que nesta quinta-feira, em vez de ensinar, como fez contra o Palmeiras, aprendeu com o Corinthians. Aprendeu que alguns minutos de apatia contra um gigante faminto são fatais. Aprendeu que, se cair na pressão em Itaquera, já era.
O placar de 3 a 0 traduziu o abismo entre as atuações dos times. Enquanto o Timão sobrou em todos aspectos – técnico, tático e emocional, a Macaca deixou a desejar na postura, na marcação e com a bola nos pés (assista aos melhores momentos no vídeo acima). Sem o mesmo padrão das últimas apresentações, a condição individual de algumas peças ficou exposta, e os erros e algumas deficiências saltaram aos olhos como ainda não havia acontecido. É o caso de Clayson, mais uma vez abaixo da média e um dos principais alvos das críticas da torcida.
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Contra um Timão precisando do resultado, a Ponte nem de longe lembrou aquele time envolvente e aceso que controlou o Palmeiras no último domingo. Entrou em campo com a proposta de marcar e depois atacar. Não fez uma coisa nem outra. Parecia um time assustado. Os jovens Matheus Jesus e Ravanelli, sensações da equipe nas primeiras rodadas, sentiram o peso do jogo. E os mais experientes não souberam abafar o nervosismo da equipe, ainda mais depois do cartão amarelo recebido por João Carlos logo no segundo minuto – a arbitragem interpretou que o goleiro fez cera ao retardar a cobrança de tiro de meta.
Ponte foi presa fácil para o Corinthians em Itaquera e perdeu invencibilidade no Brasileirão (Foto: Mauro Horita)
A Macaca até que tentou mostrar personalidade ao insistir na saída de bola com toques curtos, como vem fazendo desde que Eduardo Baptista assumiu. Por duas vezes, Douglas Grolli entregou nos pés dos corintianos. Foi a senha para os donos da casa subirem ainda mais a marcação. Já a Ponte, com Ravanelli e Wellington Paulista mais adiantados e Clayson, Felipe Azevedo, pelas pontas, e João Vitor e Matheus Jesus, centralizados, em uma segunda linha, dava espaços para o Corinthians, principalmente nas laterais.
Jeferson teve trabalho com Giovanni Augusto e Uendel no primeiro tempo (Foto: Mauro Horita)
Fagner começou mais atuante, mas foi pela esquerda, com Uendel e Giovanni Augusto, que o Corinthians levou mais perigo e chegou aos dois gols no primeiro tempo, com lances nas costas de Jeferson. O camisa 2 não teve o auxílio de Felipe Azevedo como de costume e ficou sobrecarregado. Para completar, as infelicidades de Kadu, que marcou contra, e depois Matheus Jesus, que afastou para a entrada da área, onde Bruno Henrique emendou de primeira, contribuíram para o Corinthians transformar a superioridade em vantagem no placar.
A jogada do segundo gol destruiu o já abalado emocional de Matheus Jesus na partida. Destaque contra o Palmeiras, principalmente pela desenvoltura, foi mal em Itaquera e saiu ainda no primeiro tempo para a reestreia de Renê Júnior. Uma irregularidade natural para um garoto de 19 anos e que fez apenas o seu quinto jogo como profissional. Mas não era só Matheus Jesus que estava mal. Clayson errou quase tudo que tentou, Wellington Paulista era peça nula ofensivamente, sem conseguir segurar a bola na frente ou fazer tabela com os companheiros. São dois nomes que não têm justificado a insistência de Eduardo com eles entre os titulares, ainda mais pelas opções que o técnico tem no banco – Galhardo, Rhayner, Pottker, em relação a Clayson, e Roger, para assumir a camisa 9.
Clayson e Matheus Jesus assistem Luciano jogar: foto ilustra primeiro tempo em Itaquera (Foto: Mauro Horita)
De tão recuada que a Ponte estava, Felipe Azevedo disparou sozinho aos 27 minutos depois de recuperar a posse na intermediária. Teve de atrasar o lance e acabou desarmado. A Macaca foi para o vestiário sem nenhuma finalização. Apenas cruzamentos inofensivos. E poderia ser pior, se a arbitragem tivesse marcado um pênalti claro de Kadu em Marquinhos Gabriel.
Com Galhardo no lugar de Clayson e Renê Júnior “aquecido”, a Ponte voltou mais ligada. Em cinco minutos já havia feito mais do que em todo o primeiro tempo. Galhardo colocou Walter para trabalhar em chute de dentro da área, aos três, e na sequência Felipe Azevedo levou perigo em cabeçada para fora após cobrança de falta.
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Para equilibrar minimamente as ações, a Macaca contou também com a queda de intensidade do Corinthians, que se posicionou para liquidar a fatura no contra-ataque. Teve chances com Guilherme e Giovanni Augusto, mas João Carlos, uma das raras exceções da Ponte, salvou. O goleiro só não conseguiu evitar quando Guilherme acertou o ângulo, já aos 34 minutos, para fechar o caixão da Ponte em Itaquera.
Não trata-se de fazer tempestade em copo d´água. Afinal, perder fora de casa para o atual campeão brasileiro faz parte. A maneira como aconteceu é que não pode ser aceita por elenco e comissão técnica da Ponte. Há muito o quê aprender com a atuação desta quinta, para voltar a ensinar depois. Quem sabe já contra o Flamengo, neste domingo, às 11h, no Majestoso.
João Carlos evitou placar mais elástico com duas boas defesas no segundo tempo (Foto: Mauro Horita)
Fonte: Globo Esporte