Tite durante o treino do Timão nesta terça-feira no CT (Foto: Daniel Augusto Jr/Ag. Corinthians)
O 4-1-4-1 está, momentaneamente, aposentado no Corinthians.
Ao ver a equipe oscilar no esquema tático consagrado na conquista do
título brasileiro do ano passado, Tite decidiu mudar.
Depois das eliminações no
Campeonato Paulista e na Taça Libertadores, o Timão tem uma nova cara e parece se ajustar
rapidamente a ela.
Após o treino da terça-feira, véspera do clássico
contra o Santos, às 21h, em Itaquera, pelo Brasileirão, Tite explicou ao
GloboEsporte.com o funcionamento da engrenagem. Mais do que trocar jogadores, o treinador alterou também posicionamentos, mas sem esquecer de seus princípios.
Sem a posse da bola, o
Corinthians joga agora em um tradicional 4-4-2, dando liberdade a jogadores que
começam a crescer de rendimento. O posicionamento de Guilherme foi o que mais mudou. Antes
colocado com a responsabilidade de pegar a bola no meio de campo e
conduzi-la ao ataque, ele voltou a ser um atacante, lado a lado com Luciano. O jogador só retorna ao meio de campo quando Tite quer uma formação
bastante retraída na defesa.
– O sistema (tático) potencializou. O grau de envolvimento
do Guilherme com o jogo é muito grande. Pode errar, mas está participando. Esse ajuste
deu essa melhor condição – disse Tite.
Fica simples entender: Guilherme não joga como Renato
Augusto, craque do último Brasileirão e responsável por carregar a bola até o ataque – nunca jogou. Se antes buscava a bola
praticamente no pé de volantes e laterais, agora ele tem a liberdade de um
atacante. Aperta a saída de bola adversária sem a obrigação de voltar tanto
para defender em seu campo.
Sem a bola, Tite monta duas linhas de quatro jogadores e deixa Guilherme mais avançado
Marquinhos Gabriel é outro que animou a comissão técnica
após os primeiros jogos. O meia-atacante entrou pelo lado direito do setor
ofensivo, mas com muita liberdade de movimentação. Pode rodar pelo meio de
campo, se transformar em um ponta ou aparecer na área para finalizar. Pode até ir para o outro lado. Lembre-se
do golaço sobre o Sport, pela esquerda. Giovanni Augusto tem a mesma função: abrir
espaços e criar.
– Eles podem girar pelos setores, não é algo fixo – disse Tite.
O 4-4-2 também melhorou a defesa. A entrada de Cristian aumentou o poder de marcação
do meio de campo. Muito criticado na função de primeiro volante, Bruno Henrique
subiu de rendimento nas últimas três rodadas jogando na segunda posição do
setor. Agora, não precisa marcar tanto e pode chegar à área, como fazia Elias.
O Timão altera parcialmente seu posicionamento quando tem a
bola. Parece um 4-2-3-1, tanto utilizado no Brasil. Tite libera Marquinhos Gabriel e Giovanni Augusto para avançarem como
pontas e se movimentarem. Guilherme, assim, reassume a função de um
meio-campista de criação, e Luciano se infiltra entre os zagueiros.
Com a bola, Tite avança Marquinhos e Giovanni e tranforma Guilherme em meia de criação
Isso já deu resultado. Guilherme participou dos dois gols do
Timão na derrota para o Vitória e no golaço de Marquinhos Gabriel diante do
Sport. Ele ainda marcou um em lindo chute de fora da área, frente a Ponte
Preta. Jogando perto da área, como quando se destacou no Cruzeiro e no Atlético-MG, o meia-atacante cresceu.
Tite não abre mão também da ajuda dos laterais. É pelos
lados que o Timão se fortalece ainda mais quando ataca, abrindo a defesa
adversária. Com Cristian e Bruno Henrique na marcação, eles podem avançar mais vezes sem desproteger Felipe e Vilson. Não por acaso, Fagner desponta como principal jogador da equipe na
temporada, e Uendel tem atuações sempre dentro de uma boa média.
O Timão, de cara nova, começa a dar esperanças à
torcida.
– É manter padrão de atuação, mas ter resultado junto. Melhorou no quesito de
marcação e aí os resultados vieram. É manter esse padrão para a equipe crescer – afirmou o treinador.
Fagner vai com a bola até a intermediária da Ponte em lance que culminou em gol de Guilherme (GloboEsporte.com)
Fonte: Globo Esporte